

Macron defende construção de 'novas alianças' frente às superpotências
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta sexta-feira (30) que sejam construídas "novas alianças" baseadas no direito e rejeitada uma "duplicidade de critérios" diante do reino da força e das superpotências, durante o principal fórum de defesa e segurança da Ásia, em Singapura.
"Estamos enfrentando o desafio de países revisionistas que querem impor, em nome das esferas de influência, esferas de coerção", declarou o presidente no 22ª Diálogo de Shangri-La, evento que se estende até domingo.
Em seu discurso, Macron manteve um tom muito ofensivo com relação à China, claramente apontada por suas reivindicações territoriais e sobre Taiwan, assim como por seu papel na segurança regional.
Pela primeira vez desde 2019, o gigante asiático não enviou nenhuma autoridade de alto escalão ao fórum.
O presidente da França também criticou os Estados Unidos, embora de maneira mais implícita. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, participa do evento e falará no sábado.
"Construamos uma nova aliança positiva entre Europa e Ásia, baseada em nossas normas comuns, em nossos princípios comuns", novas coalizões para o "comércio livre" e uma "ordem baseada no direito", a fim de não sermos "as vítimas colaterais" das "decisões tomadas pelas superpotências", afirmou Macron.
O chefe do Estado francês tentou dar credibilidade às suas palavras assegurando, desde o início, que França e Europa não aplicam uma "duplicidade de critérios". Ele se referia às críticas feitas aos ocidentais, acusados de se envolverem maciçamente a favor da Ucrânia contra a Rússia e menos em outros conflitos, como o que opõe Israel e Hamas em Gaza.
"Se pensarmos que podemos permitir à Rússia se apoderar de uma parte do território da Ucrânia sem restrições, sem pressão e sem reação da ordem mundial, o que diremos sobre o que poderia acontecer em Taiwan?", questionou.
Horas antes, Macron havia considerado que a decisão de sancionar ou não a Rússia se ela se recusasse a um cessar-fogo na Ucrânia era um "teste de credibilidade" para os Estados Unidos de Donald Trump.
O presidente francês também disse que se as potências ocidentais "abandonarem Gaza" e deixarem que Israel faça o que quiser, eles correm o risco de "perder toda credibilidade perante o resto do mundo".
Pela manhã, afirmou que os países da União Europeia devem "endurecer" sua postura em relação a Israel se a situação humanitária na Faixa de Gaza não melhorar.
Também apontou que reconhecer o Estado palestino não era "apenas um dever moral, mas uma exigência política", e enumerou algumas condições para fazê-lo.
H.al-Saleh--BT