

Especialistas da ONU não descartam nexo entre governo da Nicarágua e morte de exilado
Um grupo de especialistas da ONU afirmou, nesta terça-feira (24), que é possível descartar a possibilidade de o governo da Nicarágua ter participado do assassinato de um militar nicaraguense reformado na Costa Rica, pois o crime segue o "padrão" que os co-presidentes Daniel Ortega y Rosario Murillo usaram contra opositores exilados.
O major reformado Roberto Samcam, de 66 anos, foi morto a tiros na quinta-feira por pistoleiros em sua casa na capital da Costa Rica, onde estava exilado desde 2018.
Samcam era um forte crítico do casal Ortega e Murillo, acusados de instaurar una "ditadura familiar" na Nicarágua.
"Documentamos que as violações dos direitos humanos contra o nicaraguenses por parte do Governo não terminam na fronteira do país", disse Ariela Peralta, integrante do Grupo de Especialistas em Direito Humanos na Nicarágua das Nações Unidas.
As táticas do Governo para controlar e silenciar os dissidentes no exterior incluem ameaças, pressão financeira, proibição de entrada, negação de serviços consulares ou passaportes, privação arbitrária da nacionalidade, assédio, vigilância e coerção de familiares", acrescentou Peralta em um comunicado divulgado no Panamá.
Por esses motivos, a especialista alertou que "a possibilidade de que o assassinato de Robert Samcam parte desse padrão não deve ser descartada".
O militar foi sepultado no domingo em um cemitério de San José em meio a manifestações por justiça pelo crime, condenado pelo grupo de especialistas e por vários governos.
Em 2022, o exilado nicaraguense Rodolfo Rojas Cordero foi encontrado morto em Honduras e em 2021 e 2024, o opositor Joao Maldonado foi atacado a tiros na Costa Rica, lembrou o painel.
"Nenhum lugar no mundo parece ser seguro para os nicaraguenses que opõem ao governo de Daniel Ortega e Rosario Murillo", afirmou Reed Brody, outro membro do grupo, pedindo que os "países que acolhem" exilados "aumentem sua proteção".
Ortega, um ex-guerrilheiro de 79 anos, no poder desde 2007, e Murillo, de 74, aumentaram o controle contra opositores após os protestos antigovernamentais de 2018 que deixaram mais de 300 mortos, segundo a ONU, e considerados por Manágua como uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington.
Centenas de milhares de nicaraguenses estão exilados, principalmente na Costa Rica, nos Estados Unidos e na Espanha.
R.al-Mulla--BT