

Venezuela denuncia que EUA reteve barco pesqueiro em águas venezuelanas
A Venezuela denunciou, neste sábado (13), que uma embarcação americana manteve retido por oito horas um barco pesqueiro que navegava em águas venezuelanas, justamente enquanto os Estados Unidos mantêm navios de guerra no Caribe.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos deslocaram oito navios para o sul do Caribe para o que definiram como manobras contra o narcotráfico internacional, uma ação que provocou novas tensões com Caracas.
Na sexta-feira, "o navio venezuelano 'Carmen Rosa', tripulado por nove humildes pescadores de atum (...) foi atacado de maneira ilegal e hostil por um destróier da Marinha dos Estados Unidos, o USS Jason Dunham", informou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
A embarcação navegava "a 48 milhas náuticas a nordeste da ilha La Blanquilla”, em águas pertencentes à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) venezuelana, acrescentou.
Um país tem na sua ZEE (espaço de até 200 milhas náuticas - ou 370 km - desde o limite do mar territorial) soberania para explorar os recursos, mas terceiros têm liberdade para navegar e sobrevoar.
"O navio de guerra mobilizou dezoito militares com armas longas que abordaram e ocuparam a pequena e inofensiva embarcação durante oito horas", detalhou a nota, que considerou que o episódio "constitui uma provocação direta através do uso ilegal de exagerados meios militares".
Segundo o governo venezuelano, "aqueles que dão a ordem para realizar essas provocações estão à procura de um incidente que justifique uma escalada bélica no Caribe".
As forças armadas venezuelanas monitoraram e registraram o incidente "minuto a minuto".
Caracas "exige que os Estados Unidos cessem imediatamente essas ações que colocam em risco a segurança e a paz do Caribe".
- "Assédio" -
As tensões com os Estados Unidos escalaram depois que o presidente Donald Trump anunciou que sua força naval havia atacado uma lancha com 11 pessoas que ele classificou como traficantes de drogas e que, segundo ele, saíram da Venezuela.
Washington, que não reconhece Nicolás Maduro como presidente da Venezuela, o acusa de liderar uma quadrilha de narcotraficantes chamada "El Cartel de los Soles" e oferece 50 milhões de dólares por sua captura.
Maduro, que sempre negou qualquer vínculo com o narcotráfico, classificou a presença militar americana como um "assédio" sob o pretexto de combater o tráfico de drogas.
Em resposta, o governante venezuelano ordenou a mobilização de pelo menos 25 mil soldados de suas forças armadas em estados fronteiriços com a Colômbia e o Caribe.
Além disso, chamou os cidadãos a se alistarem na Milícia Bolivariana, um corpo militar composto por civis, para somar forças diante de uma suposta ameaça de invasão dos Estados Unidos.
Na sexta-feira, convocou reservistas, milicianos e jovens que se alistaram nos quartéis para aprender "a atirar" e "receber o treinamento tático necessário" no fim de semana.
A.al-Madani--BT