

Rubio alerta que planos de anexação de Israel na Cisjordânia 'ameaçam' acordo em Gaza
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, alertou na noite de quarta-feira, antes de viajar a Israel, que os novos passos do Estado hebreu em direção à anexação da Cisjordânia "ameaçam" o acordo de paz em Gaza promovido pelo presidente Donald Trump.
Funcionários de alto escalão de Washington visitam Israel esta semana para tentar consolidar o frágil cessar-fogo após dois anos de guerra. Os esforços foram abalados por uma votação no Parlamento israelense que abre caminho para uma extensão de sua soberania a uma colônia ao leste de Jerusalém e, de forma mais ampla, a toda a Cisjordânia.
O plano "ameaça" o cessar-fogo em Gaza e seria "contraproducente", alertou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos antes de deixar Washington. "Não é algo que possamos apoiar no momento", enfatizou.
Antes de Rubio, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, reconheceu na quarta-feira em Jerusalém, após uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que os próximos passos do acordo de trégua, que incluem o desarmamento do movimento islamista Hamas e a reconstrução de Gaza, serão "muito difíceis".
Rubio se reunirá com Netanyahu na sexta-feira, segundo o governo israelense.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor em 10 de outubro com base em um plano proposto por Trump, pareceu sob risco no domingo passado, após confrontos letais em Gaza e uma troca de acusações de violações da trégua.
A primeira fase do acordo prevê, além do cessar-fogo, a libertação de todos os reféns - vivos e mortos - sob poder do Hamas desde seu ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou o conflito.
Também inclui a retirada israelense de Gaza e a entrada de ajuda humanitária para a população de Gaza.
No dia 13 de outubro, o Hamas libertou 20 reféns vivos. O grupo também deveria devolver na mesma data 28 corpos de sequestrados, mas até o momento entregou apenas 15, alegando dificuldades para encontrar os restos mortais no território devastado pela ofensiva israelense de retaliação ao ataque do movimento islamista.
- "Muito difícil" -
Israel devolveu em troca 195 corpos de palestinos e suas forças recuaram em algumas áreas de Gaza, mas continua controlando quase metade do território palestino, que permanece sitiado. Segundo a ONU, a ajuda humanitária ainda é insuficiente.
As fases posteriores do plano de Trump preveem uma nova retirada israelense de Gaza, que o Hamas entregue as armas, a presença de uma força de segurança internacional e a reconstrução do território, entre outras medidas.
"Temos diante de nós uma tarefa muito, muito difícil, que é desarmar o Hamas e reconstruir Gaza, melhorar a vida da população de Gaza, mas também garantir que o Hamas deixe de ser uma ameaça para nossos amigos em Israel", afirmou Vance.
O Hamas se recusa a considerar o desarmamento e seus combatentes retomaram o controle de áreas de Gaza após a trégua. O movimento enfrenta grupos armados que acusa de "colaborar" com Israel.
Netanyahu, que deseja expulsar o Hamas de Gaza, onde o movimento tomou o poder em 2007, defendeu "uma visão completamente nova sobre como ter um governo civil, como garantir a segurança".
- "Prefiro morrer" -
No sul da Faixa de Gaza, o Exército israelense lançou panfletos que pediam aos habitantes de algumas áreas de Khan Yunis que se afastassem da "linha amarela", o limite de retirada das tropas israelenses.
"Estou cansado de ser deslocado, muito cansado. Prefiro morrer, como meu filho, que caiu mártir. É mais digno morrer", declarou Riad Anza, um habitante obrigado a deixar a região.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.221 pessoas no lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 68.200 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.
I.al-Buarki--BT