 
                 
                Sombra de Trump paira sobre eleições decisivas nos EUA
Um ano após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial, os republicanos têm seu primeiro grande teste nas urnas no dia 4 de novembro. Os eleitores de dois dos estados mais populosos dos Estados Unidos estão prontos para emitir um veredicto sobre o retorno do presidente à Casa Branca.
Embora a disputa eleitoral pela prefeitura da cidade de Nova York domine as manchetes da imprensa, as votações para governador em Nova Jersey e Virgínia — que juntas somam uma população de 18 milhões de pessoas — oferecem uma prévia mais clara das eleições legislativas de meio de mandato em 2026.
Ambos os pleitos colocam democratas centristas contra republicanos alinhados ao movimento "Make America Great Again" (MAGA) de Trump, e podem indicar se os eleitores moderados aceitaram a agenda radical de cortes do presidente ou se planejam dar uma forte resposta negativa ao seu partido no próximo ano.
O presidente americano tem causado grande impacto no governo desde seu retorno ao cargo em janeiro, fechando agências inteiras e eliminando cerca de 200.000 empregos, mesmo antes da paralisação orçamentária ("shutdown").
"Se os democratas arrasarem — ou até mesmo ganharem — na Virgínia e superarem por pouco em Nova Jersey, isso indicaria que os subúrbios não perdoaram o MAGA", disse à AFP o analista financeiro e político Michael Ashley Schulman.
A eleição na Virgínia, que é a segunda maior força de trabalho federal depois da Califórnia, será um confronto histórico entre duas mulheres que competem para se tornar a primeira governadora do estado.
A democrata Abigail Spanberger, ex-agente da CIA e congressista por três mandatos, enfrenta a vice-governadora republicana Winsome Earle-Sears, veterana da Marinha e aliada convicta de Trump.
As pesquisas mostram que Spanberger, que tem recorrido às suas credenciais em segurança nacional e se apresentado como um reduto contra a agressiva redução do governo impulsionada pelo mandatário republicano, mantém uma vantagem constante de cerca de sete pontos.
Em seus discursos de campanha, ela prometeu ser "uma governadora que dará a cara" pelos milhares de funcionários federais demitidos pelo Departamento de Eficiência Governamental de Trump.
- "Com unhas e dentes" -
Earle-Sears iniciou sua campanha com temas polêmicos, refletindo a estratégia do governador em fim de mandato, Glenn Youngkin, ao focar em questões de guerra cultural como atletas transgêneros e aborto.
Sua campanha recebeu impulso graças ao apoio de Trump e a um escândalo na disputa pela procuradoria-geral envolvendo o candidato democrata Jay Jones, que supostamente enviou mensagens de texto violentas sobre um adversário político em 2022.
Em Nova Jersey, a democrata e ex-piloto da Marinha Mikie Sherrill também está na frente, mas envolvida em uma disputa mais acirrada com o empresário republicano Jack Ciattarelli.
"Dada a inclinação tradicionalmente democrata de Nova Jersey, uma derrota para o partido nas eleições de 2025 geraria preocupações sobre suas perspectivas nacionais frente às eleições de meio de mandato de 2026", afirmou Janie Mackenzie, especialista em comunicações que trabalhou na campanha senatorial de John Kerry em 2008.
As pesquisas mostram Sherrill ligeiramente à frente, impulsionada por uma forte participação antecipada de eleitores democratas.
A decisão de Trump de congelar os fundos para o projeto do túnel Hudson — uma conexão vital entre Nova Jersey e Nova York — pode acabar sendo o maior impulso para a campanha da democrata, que prometeu "lutar com unhas e dentes".
Ciattarelli, que adotou uma postura mais aberta a favor do presidente americano do que em suas campanhas anteriores, está focado em limitar os impostos sobre a propriedade e reduzir as taxas corporativas.
Para o estrategista democrata Mike Nellis, a votação de terça-feira será "um referendo sobre onde o país está neste momento". "É a primeira grande oportunidade para os democratas demonstrarem que podem voltar a vencer", acrescentou à AFP este ex-assessor da ex-vice-presidente Kamala Harris.
"É uma oportunidade para os eleitores fazerem sua voz ser ouvida sobre o que está acontecendo neste país com Donald Trump", afirmou Nellis.
A.al-Khalifa--BT
 
                                 
                                 
                                